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Maio Amarelo: prevenção de acidentes no trânsito é tema de debate na CMJP

A Câmara Municipal de João Pessoa (CMJP) realizou, nesta quarta-feira (26), sessão especial alusiva ao Maio Amarelo, movimento internacional que estimula a conscientização para a diminuição de acidentes no trânsito. O evento foi proposto pelo vereador Coronel Sobreira (MDB) com o objetivo debater os índices de acidentes com as autoridades responsáveis, além de disseminar informações sobre segurança viária e cumprimento das leis de trânsito.

“Esse mês é conhecido mundialmente como Maio Amarelo para dar visibilidade às ações que podem e devem ser empreendidas para promover uma consciência sobre a saúde no trânsito, com a redução de sinistros e acidentes”, destacou Coronel Sobreira. “O amarelo sinaliza para a necessidade de cuidado no trânsito. Nos semáforos, o verde significa siga, o vermelho pare, e o amarelo atenção!”, lembrou o parlamentar.

O chefe de gabinete do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), Celso Mizuno, comparou o número de 1,3 milhões de mortes no trânsito por ano no mundo aos óbitos causadas pela Covid-19 em 2020, cerca de 1,9 milhões. “A quantidade de mortos em acidentes no trânsito do ano passado ficou próximo à perda que tivemos pela pandemia do coronavírus. Mesmo assim, não tratamos essa questão da mesma forma drástica. Espero que encaremos os acidentes de trânsito de forma tão prioritária quanto a Covid-19, como se fosse uma pandemia, e que possamos conscientizar melhor a população sobre preservar a segurança no trânsito e, principalmente, a vida”, declarou.

A vereadora Eliza Virgínia (Progressistas) concordou com a comparação feita por Celso Mizuno. “Fiquei surpresa com os dados. As pessoas esquecem dos outros tipos e causas de mortes. Precisamos tratar essas mortes como se fossem pandemias”, afirmou a parlamentar.

O elevado número de acidentes no trânsito também foi apontado pelo superintendente do Departamento Estadual de Trânsito da Paraíba (Detran-PB), Isaías Gualberto. De acordo com ele, o Hospital de Emergência e Trauma Senador Humberto Lucena realizou 2.304 atendimentos, de janeiro a março deste ano, sendo quase 80% deles referentes a motociclistas acidentados. “O trânsito é violento em todo o Brasil e também na Paraíba vivemos uma verdadeira guerra. O Brasil é um dos países que mais matam no trânsito, com uma média anual de 30 mil mortes. Aqui na Paraíba, em 2020, foram mais de 20 mil atendimentos por acidente de trânsito nos dois hospitais da Capital que recebem essa demanda. Em Campina Grande, neste ano, já foram mais de 6 mil atendimentos”, revelou Isaías Gualberto.

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Humanização e Educação para o Trânsito

Ainda sobre o número de mortes provocadas por acidentes no trânsito, a representante estadual do Movimento Maio Amarelo, Abimadabe Vieira, lembrou a dor das famílias das vítimas. “Isso ninguém consegue calcular. Por isso é tão importante pensar na humanização do trânsito, em inserir as pessoas no trânsito, criando espaços para caminhada e convivência, oferecendo transporte público de qualidade, abrindo ciclovias, entre outras ações. Temos que mudar o foco dos carros para as pessoas”, advertiu.

Lembrando o tema da campanha em 2021, “Respeito e responsabilidade: pratique no trânsito”, o vereador Marcos Henriques (PT) destacou o papel de cada cidadão para mudar a atual realidade. “Temos que praticar a consciência e a harmonia no trânsito, com respeito e responsabilidade, nos colocando no lugar do outro, sendo empáticos com os demais. Sinto falta de uma educação que leve a sério as questões do trânsito. Isso tem que ser um trabalho contínuo, pois parece algo cultural não ter paciência com os outros e ser desrespeitoso no trânsito hoje em dia”, defendeu o parlamentar.

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A reponsabilidade coletiva de respeitar as normas de trânsito também foi enfatizada pelo representante do Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (DNIT), engenheiro Ítalo Filizola. “Respeitar as leis de trânsito é um ato de respeito a si mesmo e ao próximo”, afirmou, citando o projeto “Escola Conexão DNIT”, que promove ações para formar multiplicadores de educação para o trânsito, capacitando educadores a incluírem o tema no escopo de outras disciplinas, com o objetivo de “formar cidadãos completos, que participam da sociedade cientes de suas responsabilidades”.

O gestor da Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana (Semob), George Morais, afirmou que o órgão contribui não só com campanhas educativas de segurança, mas também com ações efetivas de mobilidade urbana. “A gente tem como missão na Semob fazer campanhas de responsabilidade e respeito no trânsito. Mas também atuamos para que ações concretas sejam implantadas, como a mudança do trânsito na ladeira que liga os bairros de Altiplano e Cabo Branco; as obras de mobilidade urbana na Avenida Hilton Souto Maior; e a retomada das obras do Terminal de Integração do Valentina”, elencou, destacando que o transporte público é um braço importante da mobilidade que deve ser estimulado.

A formação do condutor foi enfatizada pelo instrutor de trânsito Francisco Nias. “O condutor é o único que é obrigado a se educar para o trânsito, portanto, precisamos investir nessa formação. Não podemos deixar escapar a oportunidade de conscientização no momento do curso obrigatório. Precisamos investir nisso, tanto os legisladores, quanto os formadores”, observou.

Unificação das competências

O tenente coronel do Batalhão de Policiamento de Transito (BPTran), Jussiê Pereira de Lima, lamentou o alto índice de acidentes no trânsito envolvendo motoboys e, com o crescimento dos serviços de delivery em meio à pandemia, dos que fazem entregas por bicicletas também. “Vejo famílias que foram destroçadas devido a um ente que sofreu acidente no trânsito. Temos como atuar com mais educação no trânsito, voltada à proteção desse segmento”, atestou, acrescentando um apelo: “Peço pela unificação das competências no trânsito, a municipal e a estadual, além do aprimoramento dos convênios entre municípios e demais órgãos envolvidos no trânsito”.

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O vereador Thiago Lucena (PRTB) concordou com a importância da unificação de competências. “Acho importante o compartilhamento de competências entre os órgãos. Muitas vezes, não sabemos se algumas ocorrências são em João Pessoa ou Cabedelo, por exemplo, devido à proximidade das cidades”, observou.

Ciclismo

O presidente do Clube de Ciclismo, André Nascimento, pediu maior diálogo com os órgãos competentes para a realização de campanhas educativas sobre o uso e respeito das ciclovias e ciclofaixas, além da implantação de mais estrutura cicloviária de forma geral. “É preciso criar canais de incentivo para o uso da bicicleta, uma estrutura com bicicletários em repartições públicas e privadas e a realização de campanhas educativas para que o ciclista de lazer ou de transporte possa utilizar as ciclovias e ciclofaixas com segurança”, afirmou, destacando a necessidade de conscientização, respeito e paz no trânsito.

Coronel Sobreira destacou que as últimas alterações no Código de Trânsito, que aumentam a gravidade de infrações cometidas contra ciclistas, sinalizam para a necessidade de uma maior atenção com esses condutores. “Precisamos motivar as pessoas a usarem a bicicleta, contribuindo para uma melhor mobilidade urbana, com menos trânsito, menos gastos com saúde, preservação do meio ambiente, entre tantos outros benefícios”, opinou.

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