A Câmara Municipal de João Pessoa (CMJP) debateu na tarde desta quarta-feira (13), através de sessão especial, a “Educação sem Ideologia”. O vereador Coronel Sobreira (MDB) foi o autor da propositura e falou sobre a importância de trazer o assunto para a discussão na Casa Napoleão Laureano.
“É um tema relevante não só para João Pessoa, como para o Brasil como um todo. Temos visto que existe uma tendência de criar um modismo no país no que se refere à ideologia, sobretudo de gênero. Aqui na CMJP eu como parlamentar tenho buscado combater esse tipo de situação, principalmente no que se refere às crianças, pois são pessoas que estão em formação, construindo o caráter e a cidadania e elas não podem, de forma alguma, ser estimuladas a ter outra visão de mundo, de formação, de gênero. Como alguém que conhece as escrituras e que defende o conservadorismo, não poderia me calar diante desses modismos que estamos vendo no Brasil”, afirmou o parlamentar.
O professor João Alberto disse que as escolas hoje são locais apenas de formação de militância em algumas pautas. “Houve um distanciamento das discussões pedagógicas, para discutir a formação de militantes. O exemplo disso é o texto base da Conferência Nacional de Educação (Conae), na página 58, ponto 266, que quer retirar a possibilidade no Brasil de ter ensino evangélico, cristão, escola cívico-militar ou homeschooling (modalidade de educação que defende que crianças e adolescentes sejam educados em casa, pelos pais, em vez de ir às escolas). Se isso de alguma forma se tonar lei, estamos diante de um cenário armagedônico, porque há uma liberdade. A Constituição Federal no artigo 205 diz que a educação é do estado, mas também é da família, então eu como cristão não posso criar meus filhos com uma visão cristã? É o estado que irá impor isso através de legislação? Estamos diante de um grande problema”, acrescentou.
Rebecca Tosta, pedagoga, afirmou que estão tentando definir uma única maneira de alfabetização, com uma perspectiva discursiva e do letramento, com leitura de mundo e leitura da palavra, que não significa leitura. “Isso é uma ideologia, uma forma de alfabetizar que não funciona, pois já existem muitas pesquisas falando que o método construtivista e o método global não funcionam, pois não alfabetizam”, defendeu.
O médico Fernando Nader, colocou que a educação foi tomada como ferramenta de doutrinação ideológica que em última instância vai levar a desconstrução da nossa sociedade e a perda da nossa soberania. “É um modelo de gestão que irá desconstruir a sociedade, seus valores, princípios e comportamentos, acabando com a soberania nacional. O que precisa ser deixado claro é que nós temos hoje problemas dentro da sociedade, que passam pelo analfabetismo, evasão escolar e um modelo de alfabetização que não alfabetiza. Nós precisamos entender a importância de olhar com cuidado toda essa questão educacional, porque é um projeto de poder, através da educação que irá desconstruir valores, princípios e que no final vai impactar na soberania nacional”, pontuou.
“É importante que o ensino em sala de aula seja um ensino crítico e não seja um ensino ideológico e se você for como professor ensinar uma pauta de esquerda, você ensine não como quem defende, mas como quem critica e permita dentro de sala de aula o trânsito de ideias contrárias. Se você for ensinar uma pauta de esquerda, ensine também uma pauta de direita e critique os dois lados, sendo fiel, coerente e honesto intelectualmente, para que a verdade defendida de um lado não seja tomada como a verdade”, propôs o advogado Gabriel Medeiros.
Participaram ainda da sessão a advogada Adriana Marra, Cássia Maria de Queiroz, professora e historiadora; Patrícia Becker, entre outros.